
Aí, um belo dia, sua empresa é convidada a participar de uma roda de negócios internacionais em um país estrangeiro.
Vale a pena para você, seja pessoa física ou empresa, fazer negócios ou trabalhar fora do Brasil? Como se preparar? Acompanhe a nossa história!
Pela terceira vez, fomos convidados pela PromPerú, Órgão Oficial do Governo do Peru, encarregado da Promoção das Exportações e do Turismo peruanos, para uma roda de negócios entre empresas peruanas e empresários de toda américa latina, a Perú Service Summit.
O primeiro evento se deu aqui em São Paulo em 2017 e os outros dois aconteceram em 2019 e agora em 2022, ambos em Lima, no Peru.
Vale a Pena fazer Negócios Internacionais?
Sim, sem dúvida. Se o seu produto ou serviço pode ser usado fora do Brasil ou se te interessa aumentar o conjunto de produtos ou serviços que você oferece aqui, incluindo itens do outro país, uma viagem dessas pode ser uma mina de ouro.
Para você, pessoa física, a quantidade de oportunidades que se apresentam em um evento destes, tanto para trabalhar fora quanto para representar empresas estrangeiras aqui no Brasil, não é de se jogar fora.
O problema é que, de repente, você se depara com uma série de obstáculos a transpor em uma empreitada destas. O que vou fazer aqui é contar a nossa história e explicar como estamos tirando as primeiras pepitas de ouro do filão de negócios internacionais.
Hablas Español?
Ao contrário do que você possa imaginar, a língua não é um problema tão sério. Claro que se você fala espanhol ou inglês é melhor, mas os países da américa espanhola também entendem bastante bem o português, desde que você fale pausadamente e peça para eles fazerem o mesmo.
Eu falo um ‘portunhol’ razoável e tenho um truque que recomendo para qualquer viagem internacional.
Umas 3 ou 4 semanas antes da viagem, passo a assistir filmes no Netflix e outras operadoras, sempre falados em espanhol, com a legenda ligada.
Você não faz ideia como isto treina seus ouvidos para o ritmo da fala e fixa palavras e formas de construir frases! Não te ensina a falar, mas ajuda demais a ouvir e entender.
Quanto custa fazer negócios internacionais?
Normalmente, quando você é convidado por uma organização governamental os principais custos são zerados.
O Governo do país paga a passagem de ida e volta, cuida do traslado entre hotel e aeroporto, paga a hospedagem, normalmente em ótimos hotéis, e as refeições principais ou seja, café da manhã e almoço.
Mas o custo principal está ainda aqui no Brasil.
No nosso caso, preparamos um material impresso apresentando a nossa proposta de trabalho para as empresas peruanas, em espanhol, é claro.
São 28 reuniões em 2 dias de trabalho, logo precisa levar muito material.
Cartões de visita são muito úteis neste tipo de evento porque, como é offline e muito rápido, as pessoas vão fixar mesmo o que estiver escrito no seu material. Mandar por email depois não funciona. A maioria das pessoas não vai lembrar de você ou da reunião que teve depois de uma semana.
Vale a pena fazer cartões dizendo não só o seu nome ou da empresa, mas uma frase sobre o que você faz ou propõe. Além de todos os contatos, é claro.
Como é a Agenda?
O governo do Peru, no caso, é extremamente gentil procurando acertar horários de voos de forma a te criar algum tempo livre na véspera do evento e no último dia, então dá até para passear um pouco.
Claro que você precisa levar algum dinheiro, mas é bem pouco e vai ser usado principalmente se quiser aproveitar para conhecer a cidade, a culinária do país (não perca!!!) e coisas assim.
Como funciona o Evento.
Ainda aqui no Brasil, você tem acesso a uma descrição das 90 empresas peruanas que vão participar do evento e pode agendar reuniões com 28 delas.
Isto é feito na forma de convite e resposta dentro de um aplicativo em um site, no período de 10 dias, mais ou menos.
Sugiro ler com atenção e escolher bem as empresas, não aceitando convites sem pensar, porque você também recebe convites baseados na descrição da sua empresa.
Parece que não, mas 28 empresas é pouco, então selecioná-las bem entre as 90 empresas faz muita diferença.
No evento, você participa de 14 reuniões de meia hora com 14 empresas que você selecionou, em 2 dias de trabalho, num total de 28 reuniões.
Você tem uma mesa e fica nela (o dia todo) e os negociadores das empresas vão sentando e saindo a cada 30 minutos cronometrados pela organização do evento.
Em geral, eu divido a 1/2 hora em 2 pedaços, 15 minutos para a pessoa apresentar a empresa dela e 15 minutos para eu apresentar a minha proposta.
O ideal seria 10 minutos para ela, 10 minutos para mim, 5 minutos de tolerância e 5 minutos para tomar notas. Mas na prática não acontece.
Um problema muito grande é que mal sai um negociador da sua mesa e já senta outro! Não há tempo para anotar muita coisa. Sem anotações, perde-se muito em informações que deveriam ser abordadas em uma reunião pós-evento.
O que propor?
Sigo a seguinte linha de raciocínio:
Ambos os lados da mesa de negociação querem ganhar dinheiro, logo o negócio deve ser bom para os dois.
Costumo focar em 4 possibilidades:
a) Há algum produto ou serviço que me oferecem que estou precisando?
b) Há algum produto ou serviço que me oferecem que eu posso comprar lá e revender aqui no Brasil?
c) Há algum produto ou serviço que eu posso oferecer para eles que signifique economia para a empresa deles?
d) Há algum produto ou serviço que eu posso oferecer para eles que eles possam ganhar com isso revendendo lá no Peru?
Repare que se você for para um evento destes com a mente aberta, pode detectar oportunidades muito além das previstas pelo próprio evento.
Foi o que aconteceu conosco em 2019, o evento foi um aprendizado que gerou pouquíssimos negócios internacionais, mas nos preparou para 2022, quando fomos com um foco totalmente definido e estamos convertendo em resultados.
Entendemos as necessidades de ambos os lados e nos preparamos para atendê-las.
Mesmo sendo um evento focado em vendas de empresas peruanas para empresas brasileiras, achar que você tem que ir lá apenas para comprar algo é enxergar pequeno.
Acima de tudo, é um evento de negócios internacionais onde ambos devem estabelecer relações duradouras e lucrativas. Não importa se vende na hora ou começa a vender 2 anos depois.
Que mais se pode fazer?
Nunca esqueça que você conversou com 28 empresas, mas tem contato de 90 empresas peruanas.
Precisa falar com cada uma das outras! É lógico!
Para isto, peça uma relação das empresas no próprio evento ou na fase de preparo e os contatos.
Como é o empresário peruano?
Uma coisa que me impressionou demais no Peru foi a educação e receptividade do povo peruano.
Não estou falando só dos empresários e da organização que, obviamente, estavam lá por interesses comerciais.
Quando vou para outro país, tenho o costume de sair do “circuito turístico” e também andar pelo centro da cidade, entrar em bares e botecos, falar com as pessoas, usar Uber etc.
Gostei muito de lá.
Nós aqui no Brasil, temos o costume de achar que recebemos muito bem qualquer pessoa de outro país. E realmente fazemos isto.
No entanto, somos muito mais focados e objetivos em negócios. E isso, às vezes, passa uma impressão de rispidez ou de pouca importância que se dá ao outro na negociação.
Lá, raramente uma conversa se inicia sem uma pequena conversa agradável antes. Mesmo pressionados só por 1/2 hora de conversa, sempre são pessoas agradáveis e mais “leves” do que nós. Ou pelo menos do que eu.
Um aprendizado de relações humanas para mim.
A organização do evento é primorosa! A Promperu e sua equipe são de uma eficiência e gentileza exemplares. Faz a sua experiência transcender os negócios inernacionais.
E o Peru? Como é Lima?
Bom, por ser um vento de negócios sobra muito pouco tempo para passear.
A Promperu tenta, gentilmente, marcar as passagens para os primeiros voos da véspera e os últimos do dia da partida.
Com isso sobram algumas horas em que é possível passear por Lima.
Como não é o foco deste texto não vou me alongar… mais!
Acho que todo o mundo, em especial o sul-americano precisa conhecer o Peru.
É um país que tem uma história milenar, com direito a pirâmides do povo Lima.
Uma história para ninguém botar defeito.
O país também é conhecido pela culinária, tendo alguns restaurantes incluídos no Guia Michelin. É muito muito boa a culinária Peruana.
Como não é o tema deste artigo, deixo aqui um Link com minhas dicas sobre o que visitar em Lima quando você tem só pouquíssimas horas!!!
Bom proveito!
Eilor A Marigo.