
Na sua opinião, a Inteligência Artificial vai dominar o mundo? Acabar com a raça humana? Por que as pessoas têm tanto medo da evolução da tecnologia? No texto de hoje, vamos abordar esses e muitas outras perguntas sobre o medo da tecnologia.
Você sabia que os fabricantes de diligências previram que os automóveis não poderiam ser usados porque o corpo humano não resistiria a se deslocar a velocidades acima de 40km/h?
Que muitos achavam que os primeiros celulares seriam potenciais causadores de câncer no cérebro devido às altas frequências de rádio coladas às nossas cabeças?
O medo da evolução da tecnologia é muito anterior à internet.
Você já deve ter ouvido várias vezes frases como a do escritor Ariano Suassuna, autor do Auto da Compadecida:
“Eu não tenho nada contra os computadores, mas eles, definitivamente, não vão com a minha cara.”
Para entender esta visão da tecnologia e este sentimento precisamos passear um pouquinho dentro de nós mesmos.
Conta para mim o que estas frases têm em comum:
– O chefe pediu para você passar na sala dele depois do almoço. A cara dele estava meio estranha…
– Aguarde mais meia hora que os resultados do seu exame vão ser publicados no site.
– Parabéns! Entre os 200 candidatos que fizeram o teste, você é um dos 2 finalistas! Até a semana que vem diremos se a vaga é sua!
– Quando você chegar em casa a gente conversa…
– Ótimo ter você na nossa equipe! Neste seu primeiro dia vou te levar até a sua sala e seu chefe vai te explicar o serviço. Sabemos que o trabalho não é na sua área, mas você vai se dar bem!
– Ou no avião: “Use o assento para flutuar em caso de pouso na água…”
O que elas têm em comum?
Repare que algumas destas frases são até boas notícias. Mas todas elas se enquadram em sentimentos de estresse e ansiedade! Isto porque, pela definição mais ampla, estresse é o que você sente diante do desconhecido. Tanto faz este desconhecido ser bom ou ruim.
Estresse é, basicamente, o medo do desconhecido.
Medo de não saber lidar. Medo do que vem pela frente. Ter que esperar para saber.
Acontece que existe uma parcela nada pequena da humanidade, da qual nós aqui na empresa fazemos parte, composta por Cientistas, Técnicos, Nerds em geral, físicos e outros seres estranhos, mas que têm um outro sentimento em comum muito forte. A curiosidade!
Este pessoal passava a infância assistindo Star Trek e pensava: “podíamos ter um telefone comum mas que caiba na palma da mão e que não use fios!”
Leram Julio Verne e pensaram: “por que não navegar por baixo da água em vez de por cima dela?”
Você acha mesmo que foi o Elon Musk que teve a ideia de chegar em Marte? Foi nada! Foi o autor do Flash Gordon, Alex Raymond, em 1934!!!
Porém, no dia em que você se sentar na cabine de passageiros da SpaceX na sua primeira viagem para Marte, apertar o cinto, seu coração for a 180 batimentos e o seu estresse chegar em Marte antes de você, lembre-se que é normal ter medo da evolução da tecnologia… relaxe… afinal… tem menos gente que morre em desastre de foguete do que de carro… e aquela baboseira toda que te falam nestas horas.
Ok, a tecnologia traz toneladas de coisas desconhecidas para a sua vida todo o tempo. Você acabou de ler aí em cima que o desconhecido gera estresse e medo.
Logo, medo da evolução da tecnologia não só é normal como também é inevitável!
Então… o que fazer com o medo da evolução da tecnologia?????
Só tem um jeito! Pergunte para um cientista! Afinal, foram eles que te colocaram nesta encrenca.
Mas, qual cientista?
Em 1859, Charles Darwin, estudando a natureza, descobriu que, tanto as espécies maiores e mais fortes, quanto as espécies menores e mais fracas coexistiam na natureza. No entanto, muitas espécies, mesmo sendo muito fortes, não resistiram e foram extintas.
Muitas delas desapareceram vivendo lado a lado com outras que sobreviveram, porque simplesmente não conseguiram achar uma solução para a sua sobrevivência.
O exemplo clássico disso é o das girafas. Durante milhares de anos de falta de alimento na natureza muitas espécies de herbívoros foram extintas, as girafas, porém, foram nascendo com pescoços cada vez maiores para conseguir comer a copa das árvores, já que o chão já havia se tornado um deserto, e sobreviveram.
Em 1963 o professor Leon C. Megginson, professor da Louisiana State University sintetizou isso em uma frase, na minha opinião, perfeita:
“Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças.”
O medo da evolução da tecnologia é natural. A tecnologia muda a sua vida, te obriga a mudar de hábitos, porém gera em você o medo do desconhecido.
Por outro lado, a tecnologia salva a sua vida, te faz viver muito mais, produz comida em abundância, mata sua saudade do parente que está longe, te transporta mais rápido, te fornece quase todas as respostas para suas perguntas e muitos “etc” a mais.
Agora vamos refletir mais a sério.
– Entre o professor que proíbe o uso do celular em provas ou o professor que cria provas mais desafiadoras e difíceis com consulta livre pelo celular. Qual deles está em processo de extinção?
– O que será que os pais dos anos 80 acham hoje do estudo feito na Holanda e Suécia e publicado na Scientific Reports comprovando que os jovens que cresceram com acesso ao videogame têm QI mais elevado dos que os que foram proibidos de jogar?
– Proibir seus filhos de usar o WhatsApp ou usar o WhatsApp para interagir com eles? O que te coloca em extinção?
Sei que pode ser trabalhoso, desgastante, estressante e desafiador. Que vai te tirar da sua zona de conforto. Mas a resposta é muito clara:
Adapte-se ou seja extinto.
Em toda a história ir contra a evolução nunca deu certo. Porém…
Não confunda o medo da evolução da tecnologia, que é justo e humano, com a falta de vontade de usar a tecnologia por falha dela mesma. Nunca se esqueça que você convive com tecnologias muito novas, uteis mas, muitas delas, imperfeitas.
Ficar irritado ao ser atendido por um robô no site da operadora não é medo de tecnologia ou falta de adaptação. É ter razão!
Muitas das tecnologias são ainda muito primitivas. No entanto mais primitiva de todas (acabou de nascer) é a inteligência artificial.
Portanto, você tem toda razão se disser que prefere ser atendido por humanos.
Nós aqui na empresa, que é de alta tecnologia, mantemos o atendimento humano porque as I.A.s que existem no mercado ainda são péssimas e não fazemos nossos clientes de cobaias.
Ou seja, usamos o bom senso, mesmo que “os outros” estejam fazendo diferente.
Reuniões por vídeo OK, mas se for uma venda importante ou mesmo discutir um assunto sério na família, o presencial é MUITO melhor. A tecnologia ainda é muito primitiva. Você não deve confundir o seu medo da evolução da tecnologia com sua capacidade de julgamento.
Nós aqui trabalhamos na nuvem e grande parte da nossa equipe trabalha em Home Office há mais de 20 anos!!! Muito tempo antes da pandemia.
Mas criamos uma cultura muito específica para que isto desse certo. Nos adaptamos corretamente e temos profissionais de altíssimo nível para isso. Tanto que hoje ajudamos as empresas-clientes neste processo. Levar empresas para a Nuvem e Home Office acabou se tornando um dos nossos produtos. MAS nossa festa junina, nossos encontros de fim de ano e algumas reuniões de trabalho são sempre presenciais.
Contato humano, na fase atual da tecnologia, ainda é indispensável em alguns casos.
Conclusões:
– Medo do desconhecido, do que vem por aí, é humano e normal.
– Muitas tecnologias espantosas ainda são primitivas. Repare que sua idade é maior que a maioria delas. Logo, confie mais em seu julgamento e use quando achar conveniente para você.
– Mas nunca reme contra a maré, estude como vai se adaptar ao que já existe e ao que vem por aí. A alternativa é a extinção.
– Aproveite as vantagens que a tecnologia te oferece e passe a viver melhor com elas. Inclusive a I.A., que ainda está nos seus primeiros passos. Trate-a como a criança que ela ainda é e lembre-se que são crianças as que mais derrubam panelas de água fervente do fogão.
– Não adianta tentar acabar conosco, os Nerds, pois você precisa de nós para manter todo o conforto que a tecnologia traz para você.
– Acabar com todos os autores de ficção científica ainda vivos poderia ser uma opção para a humanidade. Mas, neste caso, o que nós assistiríamos na Netflix?
Eilor A Marigo – 05/07/2023 para o Blog SPBrasil.com.br